quarta-feira, 27 de agosto de 2008

O Mundo tem Quatro Esquinas e Setecentas Pessoas. O Resto é Cenário e Figurantes.

Chega de Saudade.

Ontem, no Ó do Borogodó, bar referência do samba paulista, passei pra dar aquele abraço de parabéns no grande amigo Uribe Teófilo, um amuleto que me deu sorte em ter saído de casa. Encontrei ao acaso amigos músicos que admiro muito. Anaí Rosa, cantora do Havana Brasil, que foi substituir Dona Iná, que também apareceu por lá. A surpresa maior foi encontrar a amiga mineira Cimara Frois, vocalista e sanfoneira do Trio Dona Flor, vencedora do último festival de Itaúnas. Torci muito por isso! A Cimara foi ver a canja da acordeonista francesa Cristine que fundou um clube de chorinho na França. A Cristine foi convidada pelo amigo gaitista Vitor Lopes. Adoro quando essas “conhecedâncias” acontecem. Além dos músicos do Projeto Vinagrete, o parceiro de composições Lu Tomé e Marco Matolli do Clube do Balanço também estavam para festa. Como diz Uribinho: Maravilha!

Mas não foi só a felicidade da noite passada que me fez escrever. De longe avistei uma pessoa, que em efeito dominó me fez lembrar de outra, que me fez lembrar de outra, que me fez lembrar do dia que poetizei a saudade.


TEMPESTADE DE SAUDADE

Lembro de cada lado,
o lado seu.
Nenhum retrato é mais exato
que o pensamento meu.
Sei mais do que seu sorriso,
pois decorei o seu jeito de rir.
E se hoje, sou riso
é porque lembro de seu sorrir.
Conheço seu rosto, seu gosto
seu cheiro de florir.
Sinto sua voz me falar
mesmo com você longe daqui.
Deve ser assim
que se sente o sal ausente do mar
tão distante de sua água metade.
Hoje, sou água corrente,
quente, carregada de balde,
bem-vinda de tempestade.
Mas o único sal que carrego
é o sal, de saudade.

- (Feliperas França)



Saudade é brasilidade. João e Antônio, também. No embalo da boa overdose dos 50 anos de bossa-nova. Chega de Saudade!

terça-feira, 26 de agosto de 2008

O Fabuloso Destino das Palavras de Feliperas França

Perdi as contas de quantas vezes me disseram que minha vida daria um livro. Tá, sei que é pedante começar um blog assim, mas isso explica porque estamos aqui. Mas será que sempre me disseram só pra me agradar? Mas agradar com livro? Livro de brasileiro costuma ficar cheio de pó. A média de leitura anual dos brasileiros é de 4,7 livros. Já pensou se eu me tornar o 0,7 da estatística? Meu destino seria certamente uma estante solitária a aguardar a chegada das temidas traças. Provavelmente, ao lado de uma enciclopédia Barça ou daquela coleção sobre dinossauros que veio junto com a assinatura de jornal. (Oh, coitado!)

Bom, pode ser que algum intelectual retruque "mas a média de leitura dos franceses passa de 20 livros por ano". Ok, se fosse na França tudo bem, mas o fato de meu sobrenome ser França não tem nada a ver com os amigos da terra do perfume e de degustação de caramujos. Foi só um escrivão que sacaneou o sotaque italiano do meu avô Luís Franza. Talvez tenha sido um escrivão surdo ou que não tinha usado cotonete naquele dia de registro ou talvez tenha brochado na noite anterior. Sei lá. Não vamos misturar alhos com bugalhos.

De volta ao assunto, ao dizer que a vida de alguém daria um livro, pense duas vezes. Bom, diga que daria um filme. Afinal, com a crescente demanda do cinema nacional ganhar a estatueta do Oscar tem mais visibilidade do que ganhar o Prêmio Jabuti. Só não aconselho dizer que a vida de alguém é novela. Tem muita fofoca no ar. Enfim, nem livro, nem filme e muito menos novela. O destino me reservou um blog mesmo. Não me deixem aqui na estante! Só vou postar novamente depois que alguém comentar essa joça aqui.

Trecho do samba Novelas:

"Escute bem, minha vida não é novela não.
Cuide da vida das oito!
Os episódios do meu coração
ficam pras cenas da próxima canção"

- (Feliperas França)

Aí vai o trailer do genial “The Truman Show” (sim, é o BBB do Jim Carrey)