domingo, 25 de janeiro de 2009

Veio de encontro ao momento propício.

"Que o caminho seja brando a teus pés, o vento sopre leve em teus ombros. Que o sol brilhe cálido sobre tua face, as chuvas caiam serenas em teus campos. E até que eu de novo te veja, que os Deuses te guardem nas palmas de suas mãos".

-(antiga benção irlandesa)

sábado, 24 de janeiro de 2009

ALGUM

Algo de algum,
alvo de nenhum.
Diante do álbum,
fotografias de apenas
metade.

Algo de algum,
alvo de nenhum,
se for, que seja inteiro.
Que lembranças sejam
verdade.

Semente
esperança

a
l
c
a
n
ç
a

aos poucos,
eternidade.

-(Feliperas França)

"De tanto levá (carinho, lembrança, luz, bonança, verdade, paz, saudade, esperança) frechada do teu olhar - meu peito até, parece sabe o que"?

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Doutor Polenta - Diagnóstico nº 2

O Bilhete Premiado

O paciente sentado no leito do hospital, sorria ao ver o Doutor Polenta. Ainda com sorriso estampado falou:

-Menino, já passei por tantas coisas nessa vida. Inclusive, já ganhei mais de mil vezes na loteria.

O médico palhaço logo disparou a piada:

-Nossa, cara de sorte! Pra ganhar na loteria tantas vezes o senhor deve ter uma plantação de trevos de quatro folhas orgânicos! É, porque não adianta nada um trevo de quatro folhas com agrotóxico, certo?

-Que trevo de quatro folhas que nada. Quando lembro que não tenho as pernas, sinto o prazer de ter os braços. É a mesma felicidade de ganhar na loteria. Você que pode se vestir de palhaço, animar quem está nos hospitais e ainda tem as duas pernas, os dois braços e um humor privilegiado, sabe melhor do que eu o valor de um bilhete premiado. Parabéns! Somos sortudos em nos encontrar nesse quarto. Você é meu bilhete premiado de hoje!

-E você o meu! E, certamente, de todas as pessoas que já tiveram a honra de conhecer-te..

Ganhei na loteria. Desde então, agradeço e reconheço a todo momento meus bilhetes premiados do dia-a-dia.

E você, qual o seu bilhete premiado de hoje?

Receita: pratique o exercício diário de ganhar na loteria. Vale à pena, sua alma não é pequena.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

BEIJO DE POETA

Palavra que beija papel.
Papel que beija palavra.
Entre figuras e lingua(gens),
beijo-te às entrelinhas.

-(Feliperas França)

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O AMOR ACOMODA

O amor acomoda numa porção de batatas fritas. Em mais uma puladinha de cerca. O amor acomoda nas entranhas sociais, na própria pressão de assumir que acomoda. O amor acomoda no encontro com os mesmos amigos de sempre. No convívio com a família alheia, no medo de mudança, no mesmo restaurante. Acomoda cronometrado na contagem regressiva da exata hora de dizer boa noite, boa tarde, bom dia. O amor acomoda na viagem de volta, no velho momento de se renovar na virada de ano novo. Na divulgação das fotos desta tal viagem. Acomoda na leitura de um romance, na auto-projeção de um filme, num sonho de beijo de novela. O amor acomoda na fila de cinema, fila de banco, prestação de contas com gaguejadas. O amor acomoda em conversas digitais. O amor acomoda em fingir-se feliz. Acomoda em outra porção de batatas fritas. Desta vez, com menos sal. Acomoda em outra puladinha de cerca. Desta vez, com mais pimenta. Acomoda na mentira. Na injustiça consigo e com o outro. O amor acomoda em doses. Acomoda em dó. Acomoda em medo. Acomoda em covardia. Acomoda em silêncios ensurdecedores de um copo vazio. Em borbulhar de copo cheio. Acomoda por pura escolha. E quando o amor acomoda, o amor, me incomoda.

O seu amor acomoda? O meu faço renascer todo dia.

-(Feliperas França)

O AMOR ACABA OU NÃO?

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

TEXTURAS

Textos, contextos, texturas.
Papel que envolve a maçã.
Lenço de papel para umedecer a maçã do rosto.
Lembro dos tempos de criança,
lambança com maçã do amor.
Hoje, maçã tem pecado,
amor que teme vaidade.
Só, continuo a mesma criança,
Na velha esperança, de nem maçã, nem amor,
terem prazos de validade.

-(Feliperas França)

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

MANIFESTO À SAUDADE DO ACENTO DE GELEIA

Reforma de ortografia,
mas será que pensaram na poesia?

Em voz alta, leia:
será que meia
um dia será rima de geleia?

Pobre Jiboia que teve o acento mutilado.
Aliás, até quando sobreviverá a cobrinha do cedilha?
Estará ameaçada em extinção?

Mudar é preciso.
Há males que vem para o bem.
E que falta me faz o acento do vem.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

OLHARES MINGUANTES

Debaixo do mesmo céu
- talvez algumas estrelas de distância -
nítido reflexo da imagem tua
no semblante voraz da imperadora lua,
que mesmo nova, minguante sorria,
pois estava demasiadamente cheia
____________________de poesia.

- (Feliperas França)

em 01/01/2009 às 0h00 e todos os segundos subsequentes desde então.