terça-feira, 31 de março de 2009

Alicerces de uma Hélice não tão Poética

Madrugada, quase duas da manhã e minha cabeça a borbulhar palavras. Iniciava algo com "vozes que vem ao voar de vento, a ecoar mesmo sem serem ditas". Talvez "afinidade à distância, amor a prazo, saudades em toneladas, retratos de uma falta que não existe ou nunca existiu". Pensamentos que defini como D.P.P. P. F. - Devaneios Pré-Poesia de um Poeta Fingidor. Até que a concentração foi por água abaixo com o ruído extremamente alto de um helicóptero.

Da varanda confirmei e reparei muitos vizinhos acordados pelo mesmo barulho e, talvez, pela mesma curiosidade: o que faria um helicóptero naquela hora, num bairro residencial que nem tem heliporto? Durante vinte minutos sobrevoou ao redor do prédio, numa média de trinta segundos cada volta. Foram cerca de quarenta voltas com manobras bruscas. Não tinha holofotes como os da polícia quando está à caça de fugitivos. Aparentemente, não procurava por nada, mas aproximava-se muito do prédio. Polícia? É, realmente melhor ligar pra polícia. Não é um fato comum de uma cidade grande, tal qual Will Eisner os descreveu tão bem em Avenida Dropsie.

Liguei e ao relatar o fato para a atendente, ela me respondeu: Senhor, infelizmente, é impossível enviar uma viatura para conter um helicóptero. Dei risada e disse que o motivo da minha ligação não era solicitar uma viatura, mas sim, saber se havia alguma operação policial na região. Ela voltou a afirmar: Senhor, infelizmente, uma viatura não pode conter um helicóptero. Senti em suas palavras que não acreditou em mim e que achou que era um trote. Ao fundo, a voz irônica de um atendente em outra ligação: "aham, um helicóptero rodando o prédio"?

Os versos voaram sabe-se lá para onde...

segunda-feira, 30 de março de 2009

Qué Que Tu Tem Zé? - Primeira Edição



Roda de tambores e um palanque improvisado ao centro, em plena Vila Madalena, no último domingo de março de 2.009. Trata-se da primeira edição do Movimento Artístico Cultural "Qué Que Tu Tem Zé?" organizado por integrantes do Núcleo Brasílica de Expressão Artística, ao qual participo como músico.

Reuniram-se cerca de trinta batuqueiros, que além de músicas brasileiras, ecoaram o refrão "Qué que tu tem Zé? Qué que tu tem Zé?" e a cada pausa, alguém protestava no palanque. Todos que passavam, assistiam ou tocavam puderam participar e, num momento de desabafo, expor suas idéias, reclamações e soluções.

Dentre reclamações de alto preço de passagens de ônibus, sujeira nas ruas e as sugestões de plantio de árvores, educação, investimento em cultura, destaque para a ala infantil que, na figura da menina Gabriela, fez o último protesto do dia: "Que os adultos prestem atenção nas crianças, a gente tem muito pra falar". A próxima edição será em abril, avisarei por aqui.

Então, me diga: qué que tu tem, Zé?

quinta-feira, 26 de março de 2009

Qué Que Tu Tem Zé?


Olá, um minuto de sua atenção, por favor.

Amigos, sou integrante do Núcleo Brasílica de Expressão Artística e juntos começaremos o movimento Qué Que Tu Tem Zé? que iniciará no próximo domingo. Traga sua arte, seu nariz de palhaço, sua poesia para manifestarmos contra os cortes de investimentos em cultura.

O Movimento é mensal e a cada mês exerceremos nossa cidadania com um propósito/ reivindicação diferente. Juntaremos vários percussionistas (profissionais ou não) para uma grande batucada. Registraremos o material produzido e formalizaremos tudo. ONGs são também convidadas a participar.

Caso você não seja envolvido com arte, tem sempre uma maneira de nos apoiar com a sua presença ou com o que souber fazer profissionalmente. Advogados, jornalistas, publicitários, cientistas sociais, biblioteconomistas, físicos, médicos, profissionais de saúde, etc. Levem suas idéias e vamos discutir melhorias sociais.

Não podemos calar diante de tantos problemas que nos cercam. Diga em alto e bom som: qué que tu tem, Zé?

Aquele abraço!

-(Feliperas França)

segunda-feira, 23 de março de 2009

Sabiá, Bem-Te-Vi

Não precisa dizer
que não precisas de mim
ou ainda fingir
que a mim não conhece
e não reconhece
o que já foi seu jardim.

O olhar que me atira,
desta vez não me inspira,
soa flechada em festim.
Bala perdida,
seu olhar de escanteio
é tiro de meta (de)
uma triste partida
que não tem juiz.

A te perder o juízo,
até seu maior prejuízo
de se enganar ser feliz,
a deixar a bebida,
ser sua melhor amiga
em te aconselhar inimiga
a se jogar sobre mim.

Querida fera ferida,
criança perdida,
não quero ver-te,
agir assim.
Já(que) bens sabes,
começastes ao errado
e pelo fim.

Expulsados rancores,
não brilham as cores,
daqueles amores
que lhe prometi.

Sabiá Laranjeira
voou pela beira
daquela ladeira
em que sabia
num queira-ou-não-queira
que encontraria
seu tal bem-te-vi.

Já(que) veio até aqui,
mesmo de longe,
vejo de perto
- e bem sei, estou certo -
que ainda te aperto
e de alguma maneira
vivo dentro de ti.

Sabiá Laranjeira,
bem-que-te-vi,
A voar, a voar, a voar,
com asinhas de fora
até ver-te cair.

-(Feliperas França)

Destaco vídeo do Projeto Vinagrete em começo de carreira a cantar “Vou Deitar e Rolar”. Pois é, “Qua qua ra qua qua, quem riu? Qua qua ra qua qua, fui eu”.